O Combate da
Ponte da Azenha foi o movimento bélico inicial da Revolução Farroupilha.
Ocorrido na noite de 19 para 20 de setembro de 1835 marcou a tomada de Porto
Alegre pelos farroupilhas, Existiam moinhos perto da ponte, que eram chamados
de azenhas desde os primeiros habitantes açorianos. Entre os comerciantes que fabricavam
farinha, um dos mais conhecidos foi o português Francisco. Por isso, a ponte
também é conhecida como Ponte do Chico da Azenha.
O presidente
Braga, às pressas, chamou o comandante da Legião da Guarda Nacional Visconde de
Camamu para organizar a resistência. Camamu saiu disposto a encontrar
voluntários para tentar surpreender os farrapos acampados no morro. Acontece
que a maioria da população era a favor dos Farrapos, ainda mais com o anúncio
recente de Braga sobre um aumento nos impostos sobre as estâncias e
charqueadas. Os cidadãos que não se juntaram aos farrapos, ou fugiram para as
suas chácaras, ou trancaram-se em suas casas.
Segundo o autor Carlos Urbim (Os Farrapos,
2008), Braga caminhava nervoso pelas salas do palácio, enquanto Camamu partia
em direção à Azenha com os únicos 20 voluntários que conseguira recrutar.
Dentre eles, estavam o brigadeiro veterano Alves Leite e o editor de um jornal
imperialista, Antônio José Monteiro, o Prosódia.
No alto do morro da Azenha, aproximadamente 200
farroupilhas. Onofre Pires, primo de Bento Gonçalves, ordenou que o Cabo Rocha
descesse até a Ponte da Azenha com mais 3 homens para vasculhar a área. Sob a
escuridão da noite, as casas trancadas, um ou outro cachorro latia. Ao chegar
na ponte, Cabo Rocha avistou vultos. Eram os homens de Camamu! Quatro farrapos
contra mais de 20 imperiais! Cabo Rocha não se intimidou, ordenou o ataque! A
GUERRA ESTAVA COMEÇANDO!!!
Visconde de
Camamu foi atacado e caiu do cavalo ao ser ferido por uma lança no ombro.
Prosódia recebeu uma estocada fatal no peito e, atropelado por cavalos, morreu
gritando na beira do arroio. Alves Leite, prensado na ponte por dois soldados a
cavalo, se jogou lá de cima e acabou morrendo entre galhos e arbustos. Ao ver
tudo isso, imaginando que eram centenas de soldados farrapos, o restante dos
homens de Camamu saíram correndo e se dispersaram pelas casas mais próximas
pedindo socorro. Ferido, sem cavalo, Camamu se arrastou pela Várzea, na
escuridão, rasgando a roupa entre os arbustos e os espinheiros do caminho. Sem
a espada e os detalhes que enfeitavam o fardamento, Camamu teve dificuldade
para se identificar aos sentinelas do palácio do presidente Fernandes Braga. Ao
entrar sangrando no palácio, Camamu precisou ser amparado por 2 escravos. Era o
quadro da dor! Para superar a vergonha e a humilhação de ter perdido para 4
farroupilhas, o visconde aumentou o tamanho do exército farrapo:
"Presidente, são mais de mil
homens! Lutamos, tivemos baixas, fomos obrigados a voltar".
"Fomos muito bem no
negócio da farinha. Aguardamos sua palavra para negociar na Capital. Seria bom
mandar mais gente e cavalos para o transporte das barricas".
O cabo
Sílvio Jardim, filho de Gomes Jardim, foi encarregado pelo pai a levar o recado
até Bento. Ele deveria chegar até Pedras Brancas antes do amanhecer. Teve
sorte, não foi visto por nenhum inimigo. Bento elogiou a bravura do rapaz:
"O bilhete que
trouxeste fala da farinha da liberdade. Diz para eles que podem tomar Porto
Alegre hoje mesmo. Amanhã eu me encontro com vocês no palácio do governo".



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